19/02/2009

Noturna

UM POUCO MAIS
Todo filme que se preze tem que ter a noturna.
Tínhamos duas cenas grandes para filmar. Começamos a meia noite e filmamos até as 5 da manha. Tive que correr na segunda cena para terminar ao menos o texto. Nem tirei a câmera do lugar.
A cena acontece o encontro de Clarice Lispector e José Carlos Oliveia na porta do
Restaurante Degrau.

CARYBÉ E LETÍCIA SPILLER NO MESMO AMBIENTE 30 ANOS DEPOIS

UM POUCO MAIS
"Depois que terminei e publiquei romance mais recente, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, estou inteiramente vazia de inspiração. Mas nisso de inspiração também conto com Exu, que já é meu amigo do peito e vai me ajudar em tudo, entendeu? Exu é poderoso." Lispector Clarice - Entrevistas Rocco 2007 Aqui uma coisa muito especial aconteceu e que vai ficar na memória de todos que aquele dia entraram no estúdio do Carybé. Uma visita inseperada. Ele estava lá e nos mostrou isso. Aqui Letícia Spiller narra a frase anterior. Em cena o microfonista Hilário Passos.

Retorno a Carlinhos Oliveira com Paulo Tiefenthaler e Dora Pellegrino

UM POUCO MAIS
Quando fui fazer o filme liguei para Brasília para falar com o biógrafo do José Carlos Oliveira, o jornalista Jason Tércio. Ele me falou muitas coisas que me ajudou a formar o personagem debochado, irreverente, louco e talentoso. Amigo de Clarice Lispector. Ela estava com uma gripe horrível mas mesmo assim não desistiu e foi encontrar com o Carlinhos, no restaurante Degrau, no Leblon. No primeiro dia só beberam, fumaram e conversaram. Mas ouve um segundo dia e enfim eles comeram, fumaram e conversaram.
"Carlinhos trouxe para a crônica duas contribuições fundamentais, de linguagem e de conteúdo. Na linguagem, ele introduziu uma sofisticação literária inigualável, misturada com gírias e expressões populares. No conteúdo ele rompeu com a crônica convencional – que é um texto despretensioso, superficial e digestivo sobre amenidades do cotidiano – e injetou uma densidade psicológica-existencial, com muita ironia, indignação, lirismo e deboche. Seus textos são multidisciplinares, fundem jornalismo, ficção, filosofia, psicologia, história do cotidiano e dos costumes, memorialismo sem saudosismo. Seguidores não creio que ele tenha deixado. Atualmente os textos do Arnaldo Jabor são os únicos que têm o padrão de qualidade do Carlinhos Oliveira, na irreverência, na polêmica, no humor surrealista e na qualidade literária"
"Clarice Lispector" Entrevistas

Filmando De Corpo Inteiro Entrevistas e a lenda da Cobra Grande

UM POUCO MAIS
Sou uma diretora bastante preocupada com o quadro. Pra mim a disposição de tudo que se movimenta, e como o que se movimenta reflete no que está parado e a composição do que entra em cena, os volumes, fundos, cores.
Ao fundo temos dois atores com um back light suave do entardecer da praia do Leme.
Um plano conjunto. Franco Almada como Rubem Braga e Claudiana Cotrim como Clarice.
Eu sou a do cabelo rebelde e meu diretor de fotografia Luiz Carlos Saldanha é o cara do colete.
Aliás você percebe um diretor de fotografia pelo colete. O Sal sempre anda com ele, mesmo quando não está filmando, mas ele está sempre pronto para a cena, como eu também que vejo cinema em tudo. Que vou muito ao cinema para trabalhar o olhar.
Tirar panema da visão é uma coisa que eu aprendi na floresta. É assim, você vai caçar, se perde na mata, está sobre o efeito da cobra grande. Que perigo. E quanto mais você anda mais se aproxima da boca da bicha. A única maneira de sair do encanto da cobra e virar tudo ao avesso e sair sem olhar pra trás. E no cinema também temos que focar o que a lente da câmera lê e sair limpando a pintura para permitir o espaço cênico do drama do ator.