UM POUCO MAIS
Quando fui fazer o filme liguei para Brasília para falar com o biógrafo do José Carlos Oliveira, o jornalista Jason Tércio. Ele me falou muitas coisas que me ajudou a formar o personagem debochado, irreverente, louco e talentoso. Amigo de Clarice Lispector. Ela estava com uma gripe horrível mas mesmo assim não desistiu e foi encontrar com o Carlinhos, no restaurante Degrau, no Leblon. No primeiro dia só beberam, fumaram e conversaram. Mas ouve um segundo dia e enfim eles comeram, fumaram e conversaram.
"Carlinhos trouxe para a crônica duas contribuições fundamentais, de linguagem e de conteúdo. Na linguagem, ele introduziu uma sofisticação literária inigualável, misturada com gírias e expressões populares. No conteúdo ele rompeu com a crônica convencional – que é um texto despretensioso, superficial e digestivo sobre amenidades do cotidiano – e injetou uma densidade psicológica-existencial, com muita ironia, indignação, lirismo e deboche. Seus textos são multidisciplinares, fundem jornalismo, ficção, filosofia, psicologia, história do cotidiano e dos costumes, memorialismo sem saudosismo. Seguidores não creio que ele tenha deixado. Atualmente os textos do Arnaldo Jabor são os únicos que têm o padrão de qualidade do Carlinhos Oliveira, na irreverência, na polêmica, no humor surrealista e na qualidade literária"
"Clarice Lispector" Entrevistas
Nenhum comentário:
Postar um comentário