12/02/2009

Jorge Amado

UM POUCO MAIS
Você gostaria de escrever diferente ou está comprometido demais com o seu público? JORGE AMADO (V.O.) "O público é que tem compromisso comigo, e não eu com ele." Voz de Jorge Amado de arquivo. (ATT pesquisa ver tem no MIS) JORGE AMADO Eu escrevo como me agrada; não há escritor mais livre neste país. Não tenho compromissos senão comigo mesmo: nem com modas, nem com escolas, nem com circunstâncias, nem com academias, nem com editores, nada. Tenho um único compromisso: com o povo -- e não é demagogia, sou o antidemagogo. Com o povo, porque creio que meu dever de escritor é servi-lo. Quanto ao público, é ele que tem compromisso comigo e não eu com ele.

Djanira

UM POUCO MAIS E vi eu vi mesmo que ela ia ser minha amiga. Ela tem qualquer coisa nos olhos que dá a idéia de que o mistério é simples. Não estranhou o fato de eu ficar Olhando para ela, até eu dizer: CLARICE 2 Pronto, agora já conheço você e posso entrar. CLARICE 2 (V.O.) Sentamo-nos, eu sem tirar os olhos do rosto dela, ela me examinando com bondade, sem me estranhar nem um pouco. Videografismo Não se deve escrever Djanira e sim DJANIRA. CLARICE 2 Djanira, você é uma criatura fechada. E eu também. Como vamos fazer? DJANIRA O jeito é falar a verdade. A verdade é mais simples que a mentira. CLARICE 2 (v.o.) Ela me olhou profundamente. E eu continuei, com esse tipo de timidez que sempre foi a minha:
Adoro roteiro, fazer literatura na didáica do roteiro é bom. Me diveti muito levando o livro para a concepção de cenas, movimento e drama. Mas o que aconteceu é que o filme tomou um tom 60% mais drama do que Doc. Aqui não tinha outro jeito, a maioria das pessoas que a Clarice entrevistou nos anos 60 estão vivendo no andar de cima.
Esse filme me fez aprender muito sob a linguagem da vida em outra significância que não a da terra.
Giovanna De Toni uma atriz que sempre me traz uma coisa nova, energia dinâmica na cena. Demos uma melhorada legal no visual da Djanira que por ter tido uma vida muito sofrida, só começou a viver bem mais tarde. Quer dizer cumprir sua missão como artista.

Elke Maravilha

UM POUCO MAIS Cena 54 - Videografismo Elke Maravilha Ela nasceu em Leningrado! e saiu pelo mundo afora com escala em Itabira do Mato dentro. Capricha muito na arte de viver, mas o que sabe mesmo é interpretar o seu melhor personagem. Entrevistadora- Quando telefonei, marcando um encontro em minha casa, às nove e meia da manhã, perguntei: -Você é pontual Respondeu-me logo com voz macia: Elke Maravilha - Sou mineira, nunca perco um trem. Entrevistadora/Narração Apareceu-me ela com um vestido longo de cetim branco, com pala de brocados, sobrancelhas raspadas e pintadas de quase vermelho até as temporas. Ela é linda e se finge de tola, quando na verdade é muito inteligente e criativa. Cria suas próprias roupas que, se parecerem malucas, não importa: tem uma grande beleza exôtica.

José Carlos Oliveira

UM POUCO MAIS
O jornalista mais irreverente que o Brasil já
conheceu.
UM POUCO MAIS José Carlos Oliveira, vamos fazer uma entrevista ótima no sentido de sincera? Hoje não é o meu melhor dia porque estou muito gripada e triste. Mas mesmo assim, no meio de uma náusea sartriana que não passa de uma gripe nesta sexta-feira de noite, vamos fazer o possível. Quem é (MAIS...) 23. CLARICE 2 (...cont.) você. Carlinhos? (E, por Deus. quem sou eu?) Fora de brincadeira, o mundo está se acabando e nós não estamos fazendo nada e eu estou gripadíssima e de mãos sem força para ajudar os que imploram. Fale. Carlinhos. Fale. JOSÉ CARLOS OLIVEIRA Eu acho que você é Clarice Lispector. Mas não sei quem eu sou. E o mundo está completamente ****** e sem saída. Mas nem você nem eu temos nada com isso. CLARICE 2 Isso diz você que não tem filhos. Mas todo o mundo, Carlinhos, é meu filho e um filho a salvar. Como é que eu faço com tanto amor e tanta impotência? Não me refiro apenas a meus dois filhos e sim aos filhos dos homens. JOSÉ CARLOS OLIVEIRA Os filhos dos homens formam a humanidade. Que há quatro (?) milhões de anos são mandados à morte. O problema é deles, quer dizer, nada posso fazer contra isto. Como dizem as crianças: "Tudo é violência e injustiça? Azar, azia, azeite." CLARICE 2 Carlinhos, nós dois escrevemos e não escolhemos propriamente essa função. Mas já que ela nos caiu nos braços, cada palavra nossa devia ser pão de se comer. ENTREVISTA DE CLARICE LISPECTOR COM JOSÉ CARLOS OLIVEIRA EDITADA NO LIVRO ENTREVISTAS ROCCO 2007

Fernando Sabino

UM POUCO MAIS

“Gostaria de morrer em nome de alguma coisa, mas não creio que mereça tanto.”

Sabino Fernando. Esta entrevista foi feita antes de Fernando Sabino declarar que a literatura morreu.

Lispector Clarice. Uma Música de Rock. Clarice Pegunta: - — Fernando, por que é que você escreve? Eu não sei por que eu escrevo, de modo que o que você disser talvez sirva para mim.

Maria Bonomi

UM POUCO MAIS
Maria Bonomi, uma das nossas maiores gravadoras, revela a Clarice Lispector os segredos de sua arte, e da sua alma Oo ateliê, ela em atividade.Narração (Voz Mulher) Ela é jovem, forte, vital, franca como um cavalo de fina raça de corrida. Na gravura porém ela é implícita. Isto é não extravasa o intimismo de sua arte. Gosto de Maria, o que não é novidade, já que sou madrinha de seu filho Cassio. Maria, apesar de ser bem adulta é consciente de si própria e dos outros, tem um sorriso inocente de criança. Ela sabe se divertir ... com as coisas e com o mundo. (Voz Mulher) Maria, o que a levou a gravura? O que te levou à literatura, ou melhor, ou que te levou à escrever? Minha resposta é igual à que você daria. É aquela mania de ficar procurando como dizer melhor o que se precisa dizer.

Nélida Pinõn

UM POUCO MAIS
Narração de Atriz ou melhor da própria Nélida Pinõn: Eu não dispunha de argumentos, quando me fui fazendo escritora. Invadi o ofício devagar, com medo, sem reconhecer a categoria do material com que lidava, ou dimensionar-lhe os limites. A consciência do ofício, e os encargos morais que o acompanham, você conquista com os anos, com o auxílio sobretudo da paixão, capaz de traduzir o que a lucidez não pode às vezes explicar, porque se desfaz à proximidade da matéria ígnea.
Na HORA DE escolher o jornalista ou a jornalista que iria entrevistar a escritora, a minha assistente de direção sugeriu de eu mesma fazer. Não fiz aqui como Clarice. Como fez o Arnaldo Bloch, a Tânia Bernucci ou a Deolinda Vilhena. Eu fiz como disse a minha montadora: uma participação afetiva. Conheço Nélida há tantos anos, nos encontramos muitos anos atrás no camarim da TV Manchete, do programa do Clô. Sério mesmo, ela desde esse tempo falava em persistência. Para ser escritor tem que ter a persistência na tentativa, no meu caso, que não sou escritora, ou no erro. Hoje a escritora Nélia já está mais se propondo a brincar com a disciplina exagerada. Nélida me dizia que Clarice morreu dando a mão a ela. Mas minha falecida avó Tânia, quem conviveu de fato com a irmã Clarice, dizia outra coisa. Mas Clarice não era de ir muito a casa de ninguem. Nélida ia muita a casa de Clarice. Eram amigas, Clarice devia adorar a inteligência de Nélida. Assim me contou Rosa Cass. Eu hoje sou fã da Nélida Pinõn.

Oscar Niemeyer

UM POUCO MAIS
INT - CASA OU ESCRITÍRIO DE NIEMEYER - DIA
Clarice 3 conversa com Oscar Niemeyer. CLARICE 3 Oscar, qual seria a solução arquitetônica que você daria às favelas cariocas? OSCAR Veja o filme
e ouça a resposta!
Nenhum arquiteto consciente se propões a resolver o problema das favelas. Sabe que a miséria decorre da injustiça social e que o êxodo do homem do campo em busca dos grandes centros têm sua origem na situação desesperada de exploração e miséria que há séculos o-persegue. Trata-se, portanto, de um problema social que somente uma modificação de base poderá resolver.
CLARICE 6 Quais as características da arquitetura brasileira? OSCAR
Veja o filme e ouça a resposta!

João Saldanha

UM POUCO MAIS
Se ganhar no grito fosse possível, a Itália seria imbatível. Este diálogo foi especialmente escolhido tendo em vista o interesse das mulheres pelo futebol. É um jogo masculino, mas a freqüência feminina nos estádios aumenta cada dia mais. Será porque a moça de hoje entende de futebol e adora assistir a uma partida? Ou será porque nos campos desse jogo essencial é que se encontram os cavalheiros, possíveis namorados? O meu diálogo serve também para a mulher entender um pouco de futebol, especialmente quando se aproxima o jogo Brasil-Inglaterra. E quem poderia dizer algumas palavras máximas e claras senão o nome do dia: João Saldanha? Pessoalmente é um homem bonito e interessante, pouco afeito a qualquer pose: e ocupado demais para passar pelo que não é, ocupado que está em dar conta do muito que já é.

Tônia Carrero

UM POUCO MAIS
Só acredito num mundo feito de amor”. De vez em quando a natureza faz um ser de beleza perfeita e harmoniosa. Tônia Carrero, por exemplo, é um dos seres mais bonitos que conheço: é uma beleza simpática, a sua, e muito simples. O amadurecimento em Tônia só fez amadurecer sua graça, seu espírito. Trata-se, também, de um ser feminino muito leal, capaz de fazer grandes amizades e dar muito de si aos outros. É, enfim, uma pessoa extremamente viva e bela.

Ferreira Gullar

UM POUCO MAIS “Eu tinha um pouco de medo do Ferreira Gullar, parecia-me que, com seu extraordinário poder verbal, eu seria aniquilada. Eu desconfiava que ele rejeitava a minha literatura. Mas o que fazer? Nada, senão continuar a gostar do que ele escrevia e escreve"
"Clarice Lispector" Entrevistas Rocco 2007
Ferreira Gullar por Arnaldo Bloch, como Clarice Lispector. Já que a idéia era re entrevistar os vivos homenageando também os caras do jornalismo, como Clarice que tendeu para essa profissão como forma de garantir algum. Tinha até carterinha dos Jornais e revistas que foi colaboradora
A Noite, JB, Mancehte, Fatos e Fotos
E aqui no livro que o Àlvaro Pacheco encomendou a Clarice, pai da minha amiga Anelise Pacheco. Nos anos 70, lá pra 75. O filme segue a onda anos 70.
Isso veio da fase mais forte da Clarice escritora.

Clarice diz sobre Rubem Braga

UM POUCO MAIS “Há mil Rubens dentro de Rubem Braga, é claro, assim como há mil 'clarices' em mim. E tanta coisa eu desconheço em Rubem que era melhor entrevistá-lo de vez. Pelo menos tentarei atenuar o seu mistério.”
No filme esta voz é narrada pela atriz Aracy Balabaniam que interpreta uma Clarice mais madura. A querida Aracy Balabanian já tinha feito Clarice no teatro e me apresentou uma Clarice do tempo que eu a conheci. Lá dos anos 70 mesmo.