UM POUCO MAIS
Narração de Atriz ou melhor da própria Nélida Pinõn:
Eu não dispunha de argumentos,
quando me fui fazendo escritora.
Invadi o ofício devagar,
com medo, sem reconhecer a categoria do material
com que lidava,
ou dimensionar-lhe os limites.
A consciência do ofício,
e os encargos morais que o acompanham,
você conquista com os anos,
com o auxílio sobretudo da paixão,
capaz de traduzir o que a lucidez
não pode às vezes explicar,
porque se desfaz à proximidade
da matéria ígnea.
Na HORA DE escolher o jornalista ou a jornalista que iria entrevistar a escritora, a minha assistente de direção sugeriu de eu mesma fazer. Não fiz aqui como Clarice. Como fez o Arnaldo Bloch, a Tânia Bernucci ou a Deolinda Vilhena. Eu fiz como disse a minha montadora: uma participação afetiva. Conheço Nélida há tantos anos, nos encontramos muitos anos atrás no camarim da TV Manchete, do programa do Clô. Sério mesmo, ela desde esse tempo falava em persistência. Para ser escritor tem que ter a persistência na tentativa, no meu caso, que não sou escritora, ou no erro.
Hoje a escritora Nélia já está mais se propondo a brincar com a disciplina exagerada.
Nélida me dizia que Clarice morreu dando a mão a ela.
Mas minha falecida avó Tânia, quem conviveu de fato com a irmã Clarice, dizia outra coisa. Mas Clarice não era de ir muito a casa de ninguem. Nélida ia muita a casa de Clarice.
Eram amigas, Clarice devia adorar a inteligência de Nélida.
Assim me contou Rosa Cass.
Eu hoje sou fã da Nélida Pinõn.
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