09/04/2009

Reflexões do Lançamento CINEMA E LITERATURA

UM POUCO MAIS A adaptação torna a diretora uma profunda arranjadora e maestra da obra literária, mis-em-cène e domínio do conteúdo da obra para o filme. De Corpo Inteiro – Entrevistas, 2008, COR, PB, DOC Drama, 66,’40’’ roteirizado, produzido e dirigido por mim, é uma adaptação do livro De Corpo Inteiro, lançado pela Artenova, nos anos 70, edição do Álvaro Pacheco. Que por um fato de mercado editorial foi introduzida nova palavra ao título: Entrevistas, e relançado pela atual editora de Clarice, em 2003. Todo o trabalho de pesquisa de Claire Williams, inglesa, professora da OXFORD, possibilitou a nova edição. Dr Claire Williams Lecturer in Portugese Dr Williams lectures in Portuguese Language, Literature, History and Culture and she joined our Hispanic Studies section in 2001. Her doctoral research focused on the figure of the encounter in the work of the Brazilian writer, Clarice Lispector. No livro que nos leva ao filme De Corpo Inteiro - Entrevistas temos uma mulher, escritora, jornalista, que é Clarice Lispector; que escreveu o livro porque viveu cada entrevista com cada um dos personagens apresentados. Ela interage e percebe o outro de maneira delicada e jornalística, sem, porém, ficar de certo modo marcada por cada encontro. Ápós a entrevista com o jornalista Carlinhos Oliveira, a escritora chega a telefonar para sua irmã Tania Kaufmann para contar que o jornalista quer dar outro tipo de entrevista. E reclama cansada e com forte gripe, -”se tiver que repetir todas as entrevistas com cada entrevistado, o tempo não rende”. CENA INTERPRETADA POR DORA PELLEGRINO e PAULO TIEFENTHALER. Clarice fala de si na obra, ela se expõem a medida que articula a comunicação com o outro. O livro permite fazer do filme inúmeras entrevistas descontínuas, o que me fez decidir optar por trabalhar com várias atrizes que fazem a mesma personagem e até com um homem. No filme qualquer um poderia ser Clarice Lispector. Até o jornalista Arnaldo Bloch que faz as entrevistas com Ferreira Gullar e com Oscar Niemeyer. A única falha foi não ter colocado uma atriz negra para fazer o papel de Clarice Lispector, mas lembro que telefonamos para Elisa Lucinda, o telefone tocou e ninguem atendeu. Como na cena que nossa querida Aracy Balabanian, interpretando Clarice Lispector, telefona para o Chico Buarque e ninguem atende do outro lado da linha. Devia estar em Paris.